A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (7), uma megaoperação nacional de combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes. Batizada de “Proteção Integral III”, a ação mobilizou quase 900 agentes e cumpriu 182 mandados de busca em todos os estados do país.
Mais do que números, a operação marca um novo capítulo na forma como o Brasil enfrenta crimes de exploração infantil e isso tem muito a ver com uma inovação tecnológica criada pela própria PF: o Sistema Rapina.
O que é o Sistema Rapina
Desenvolvido internamente pela Polícia Federal, o Sistema Rapina é uma ferramenta avançada de análise e gestão de dados criminais voltada à investigação de crimes sexuais contra crianças e adolescentes.
Na prática, o sistema funciona como um banco de dados inteligente, capaz de reunir, cruzar e analisar informações de casos de todo o país. Essa tecnologia permite que as equipes policiais priorizem alvos, localizem criminosos com mais agilidade e resgatem vítimas com maior eficiência.
Além de processar um grande volume de informações, o Rapina aplica metodologias de investigação automatizadas, o que eleva significativamente a qualidade das apurações.
Tecnologia brasileira com alcance internacional
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o Rapina representa um marco na modernização das ferramentas de combate à criminalidade no ambiente digital.
“Ela é uma ferramenta muito avançada, que inclusive está sendo colocada à disposição de outros países. Já temos um convênio com Portugal. Esse instrumento patrulha permanentemente o mundo virtual para detectar abusos contra crianças e adolescentes”, afirmou o ministro.
O convênio com Portugal, firmado em 2024, abriu caminho para a cooperação internacional no enfrentamento desse tipo de crime, ampliando a capacidade de monitoramento e repressão em nível global.
“Hoje, temos que combater a criminalidade em um novo ambiente. Isso exige novas ferramentas — e, com muito orgulho, posso dizer que não somos apenas importadores de tecnologia, mas exportadores”, destacou Lewandowski.
Um salto de qualidade nas investigações
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, ressaltou que o Sistema Rapina proporcionou um salto qualitativo no tratamento de informações e na condução das investigações.
“Para nós, é uma honra compartilhar essa experiência e buscar o que todos desejamos: reduzir, minimizar e, quem sabe um dia, eliminar do cenário global esse nefasto delito que é a violação de crianças e adolescentes”, afirmou.
Detalhes da mega operação Proteção Integral III
A terceira fase da operação Proteção Integral teve resultados expressivos:
182 mandados de busca e apreensão cumpridos em todos os estados;
55 pessoas presas em flagrante;
11 prisões preventivas decretadas;
3 vítimas resgatadas e 2 menores apreendidos;
Participação de 890 agentes, sendo 617 policiais federais e 273 policiais civis.
As diligências ocorreram em estados como Alagoas, Pernambuco, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraíba.
Desde janeiro de 2025, a PF já cumpriu mais de 1.630 mandados de prisão contra condenados por crimes sexuais, consolidando um esforço contínuo de repressão a abusos cometidos no ambiente virtual.
Prevenção e conscientização digital
Em nota oficial, a Polícia Federal reforçou a importância da educação digital como ferramenta de prevenção:
“A PF alerta pais e responsáveis sobre a importância de acompanhar e orientar o uso da internet por crianças e adolescentes, conversando abertamente sobre riscos e ensinando como agir diante de contatos inadequados. A prevenção e a informação são as ferramentas mais eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de crianças e adolescentes.”
ECA Digital: novas regras de proteção online
Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o chamado PL da Adultização, também conhecido como ECA Digital (Estatuto da Criança e do Adolescente Digital).
A nova legislação estabelece diretrizes para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital, ampliando a responsabilidade de plataformas e fortalecendo a atuação do Estado no combate a abusos online.
Um avanço no combate global ao abuso infantil
A criação do Sistema Rapina demonstra a capacidade da PF de inovar com tecnologia própria e contribuir ativamente para o enfrentamento de um dos crimes mais graves da atualidade.
Com o compartilhamento da ferramenta com outros países, o Brasil se consolida como referência internacional no uso da tecnologia para proteger a infância e combater a exploração sexual online.
